A hora e a vez do CONSUMIDOR !
Por Rubem Passos Segundo*
Para Revista da
Abase – abril
2002
Pelo andar da carruagem, após o
componente QUALIDADE ter se imposto como inegociável, e o item PREÇO
irremediavelmente passado a ser uma definição do mercado, acredito que nos
próximos anos, antes que se materializem outros componentes, o varejo terá de
concentrar sua atenção e investimentos para as áreas de conforto, logística e
relacionamento.
A descoberta da possibilidade
de se encarar o lazer como componente da vida normal das pessoas, fará com que
o consumidor disponibilize menos tempo para as compras essenciais, e as
supérfluas se darão com a contrapartida do conforto, carinho, atenção e
especialmente o valor agregado, tipo atendimento com hora marcada, manobristas,
entrega em casa, etc.
A Internet, embora não tenha
ainda se firmado como o bicho-papão que se imaginou, devagarzinho vem ocupando
seus espaços, e embora alguns grandes projetos tenham sido condenados à
falência, já temos notícias de resultados positivos, tipo amazon.com e
submarino.com.br.
Com a banda larga passando a
ser acessível, a compra virtual deverá crescer bastante, principalmente nas
áreas de produtos básicos (alimentos, higiene e limpeza), eletrodomésticos,
produtos ligados à área de informática, sem contar com o crescente mercado de
CD's, livros, ingressos, flores, etc.
A logística no e-commerce, foi
a responsável por grande parte do sucesso ou insucesso dos seus pioneiros.
Hoje, queremos comprar um presente pela Internet, e que o destinatário o receba
no prazo combinado, caso contrário, adeus cliente.
Recentemente conversei com um
industrial da área de laticínios, que está lutando há algum tempo para
implantar o hábito de compra de seus produtos, com entrega em domicilio, e é
impressionante seu crescimento, sustentado no cumprimento de dias e horas de
entrega do pedido.
A impressão que tenho, é que o
serviço que se usava no Brasil apenas para a entrega de jornais a seus
clientes, passará a ser usual para uma série de itens de consumo diário, como o
exemplo do leite, passando por frutas e legumes, pão, e logo, logo, refeições,
não mais como acontece hoje, com a pizza de domingo. Será diário.
O tempo hoje gasto (ainda) em
filas de supermercados será no futuro drasticamente reduzido quando o som de
cada embalagem, substituir a leitura ótica dos atuais códigos de barra. Imagine
você chegar no check-out de um supermercado, e, suas compras serem lidas
através de ondas de rádio freqüência, e sua conta devidamente discriminada
aparecer imediatamente, como por encanto. Isso já está testado e aprovado.
Em outro caso, você faz suas
compras sem carrinho, registrando num pequeno aparelho o que você escolheu, e
no fina, após a simples transferência de dados para o caixa, você fará o
pagamento das suas compras que a seguir lhes serão entregues em casa.
A compra de automóveis,
incipiente ainda pela internet, se dará com veículos feitos sob medida, com
você via internet, escolhendo cada detalhe que lhe interesse, e montando seu
próprio carro. Não que a visita pessoal ou a negociação tenha seus dias
contados. No caso específico, quando você for negociar, a questão a ser
resolvida será de preços, financiamentos, seguros, etc.
O carro dos seus sonhos já
estará especificado. E com um detalhe: vários fabricantes poderão atende-lo. A
geladeira que emite pedido de compra, o microondas que ensina a receita do
prato, etc., já são realidade. O custo ainda é proibitivo, porém logo deixará
de ser.
As lojas de bairro, onde a
possibilidade de relacionamento pessoal é muito próxima entre vendedor e
cliente, terão de se adequar com conforto, serviços e qualidade, para não
perder a vantagem competitiva de estar próxima.
A necessidade de escala para
garantia de melhores preços, continuará levando os grandes grupos a comprarem
ou se associarem aos seus concorrentes, até que, em cada segmentos fiquem
apenas poucos grandes. Essa é a notícia ruim, A boa é que, ainda assim, por
terem custos mais baixos, os pequenos poderão continuar no negócio
lucrativamente, oferecendo tratamento privilegiado, e continuando assim, a
exercer um papel, de certa forma regulador.
Em segmentos como o de
materiais de construção, a tendência será a quase ausência de produtos para
pronta entrega, e o balconista será substituído por um profissional que fará a
venda, novamente para entrega em domicílio, dos produtos escolhidos com base em
catálogo, fotos, sites, etc. Entrará como valor agregado, a possibilidade de
consulta pessoal na loja a um arquiteto, engenheiro ou eletricista, etc.
Sem contar com as próprias
indústrias, que como forma de enfrentar a concorrência, estabelecerão lojas
próprias (estilo show room) para a venda de seus produtos.
Na área de telemarketing, o
disque 1, depois 2, depois música, etc, na minha opinião tem seus dias
contados. Nada mais chato. Anuncie o número correto! Ex: Vendas 0800 00001.
Serviços: 0800 00002. E tenha posições de atendimento compatível com o tamanho
do seu negócio.
Finalizando, acredito na
promoção cooperativa entre empresas do mesmo bairro, ou do mesmo setor como
forma competente de criar uma relação de confiança entre os lojistas e seus
clientes.
Se tudo isso acontecer,
parabéns para nós, os consumidores!
*Rubem Passos Segundo
é empresário e Presidente da
ADVB-BA (Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas da Bahia)
Com o título PENSANDO NO FUTURO DO VAREJO, em 2004, este artigo fechou,
a convite, como BONUS, o livro OS 10 MANDAMENTOS DO VAREJO, de autoria de
Raymundo Dantas, professor em inúmeras instituições de ensino superior, Mestre
em Administração de Empresas pela UEX Espanha. Foi presidente da EBAL-Cesta do
Povo e Diretor do Grupo Paes Mendonça.
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