INICIAÇÃO
Sou de 1948, época em que os valores eram diferentes, e não eram consideradas naturais as variações de gênero (é assim mesmo que se diz?) tão normais hoje em dia, assim como comportamentos tipo metrossexuais, ou mesmo, tico-tico no fubá, ou mesmo, os atuais, tipos tipo!
Lá
em casa então, para esse tema, meu saudoso pai era quinem, papel de embrulhar prego: grosso mesmo! Homem tem que ser
macho e ponto.
Quando
eu nasci, minha irmã mais velha aprendendo as primeiras palavras, não
conseguindo falar Rubem, falava algo parecido com Guga, e assim, virei Guga
para todos. Menos para meu pai. Para ele eu era Sr. Guga!
Acabei
me inteirando sobre os assuntos do sexo, do prazer ao conceber, pelas
abalizadas aulas dos empregados domésticos da rua, lavadores de carro, etc, e
juntando dicas dos colegas na escola.
Era um pouco complicado entender, explicações às vezes tão
desencontradas. Mas, fui ouvindo, prestando atenção e arrumando o tema na minha
cabeça. Aos 11 anos, já me sentia atraído pelos air-bags da copeira lá de casa,
e fui motivo de orgulho para o velho, quando ele me flagrou com a mão no decote
dela, e eu com a maior dificuldade de tirar de lá, com ele olhando.
Esse
flagra não rendeu castigo nem surra, mas uns conselhos tipo "..na cozinha
não que sua mãe ou suas irmãs podem ver..."(orgulho puro, né não?).
Quando
comecei a pegar ônibus para ir para a escola, descobri que, em uma das ruas
transversais da Praça da Sé, havia uma livraria que, lá no fundo, depois da
cortina, vendia os famosos "catecismos" do Carlos Zéfiro, onde
consegui ver, aquilo-naquilo, desenhado, explicadinho da silva.
Minha
mesada passou a ter destino certo.
Depois
veio o primeiro resultado viscoso de meus insistentes esforços, e aí é que
achei bom. Muito bom!
Felizmente,
pouco mais de dois anos depois, tive uma prova do que a vida podia nos
oferecer, com uma outra doméstica querida, lá em casa.
Tomamos
banho juntos, peladinhos, ela com umas duas vezes e meia meu peso, mas com uma
simpatia deste tamanho.
Foi
uma agonia, mas, consummatum est! Na verdade, a moça com um misto de pedagogia,
safadeza e pavor de ser pega no ato, me conduziu ao andar de cima. Talvez o primeiro
andar. Graça a Deus descobri que esse prédio tinha muitos andares...
Muito
bem: aí a moça foi embora e eu fiquei, literalmente, na mão.
Tive
progressos, no que tange à literatura, mas este é um tema que merece ser
abordado em uma outra historia.
Comecei
a me informar sobre onde , como e por quanto, conseguiria o amor das
profissionais, que soube pelos livros e pelas perguntas insistentes que fazia a
todos os mais velhos que encontrava pela frente.
Até
que soube de um endereço, por um conhecido, em conversa em que eu fingia saber
de tudo, etc.
E
aí, não deu outra.
Um
dia de tarde, peguei o ônibus para a Praça da Sé, desci o elevador Lacerda, e
me dirigi aos estabelecimento que me fora indicado, na esperança de encontrar as
misses. Subi uma escada de madeira
rangente, cheiro de poeira, pintura desmaiada, e cheguei numa sala onde tinha
uma (UMA!!) dita cuja!
Com
o coração a mil, perguntei: cadê as moças?
-Moça
aqui? Meu filho, isto aqui é um puteiro. Não tem moça; só puta! Serve?
-E a
esta hora, 3 da tarde, só tem eu porque moro aqui mesmo. Serve?
A
mulher era muito desarrumada. Entre feia e horrorosa, mas eu estava ali pra
trabalhar, não pra namorar. E aí fomos pro matadouro! O abatido seria eu, como
veremos mais tarde.
No
que estava tomando coragem para perguntar se era preciso tirar as meias, ela me
disse:
-
Posso ficar de anágua? Não consegui
imaginar porque, mas assenti. E aí fomos nós, de meias e anágua!!!
Pano
rápido, tudo rápido, doido pra chegar em casa e tomar um banho de uma hora para
tirar até a lembrança do ocorrido.
A
essa altura, eu já era um homem de 13 anos, como dizia o velho, e um dia, senti
um ardor da zorra ao urinar, e, na
sequencia, minha cueca colada de alguma coisa não boa, como diria o meu genro canadense.
Fiquei,
muito agoniado. E agora?
Passei
a lavar minhas cuecas antes de colocar pra lavar na rotina tradicional.
Mas
o negócio só piorava. Mas aí, olhe Deus de novo!!!
Tinha
um vizinho que morava em frente a minha casa, que estava estagiando em um
laboratório de análises clinicas, e, ao saber do meu desespero, pediu um grátis ao Dr. Patrão dele, que,
comovido, concordou.
Me
deu o endereço, e lá chegando recebi uma revista amarrotada ao máximo, e com um
cheirinho ruim, cheia de dinamarquesas e suecas peladas, e a instrução para trabalhar e depositar no frasquinho. Fiz
tudo direitinho. Demorei muito, é verdade. O cheirinho da revista não ajudava,
e acabei me inspirando na memória mesmo.
No
outro dia, ou mais alguns, recebi o envelope fechado das mãos do meu amigo,
cujo conteúdo dizia: Resultado de Cultura e Antibiograma! E lá, o que eu tinha
e qual o remédio que curaria. Aí eu tive raiva da moça!
Imediatamente,
fui à uma das farmácias do bairro, e, quando não tinha mais ninguém, mostrei ao
farmacêutico, que me deu um carão danado, ameaçou contar aos meus pais, mas
aplicou a injeção. Não me lembro quantas foram. Mais tomei outras.
Enquanto
o remédio não fazia efeito, ficava passando de calça em calça, o resultado do
exame, para minha mãe não pegar, e....lavando cueca e pijama.
Mas,
nem tudo sai como devia, né mesmo, e aí, a empregada o encontrou por um
esquecimento meu, e entregou a minha mãe.
Quando
dei por falta, vi que a m...... estava feita e embalada!
Após
o almoço, meu pai entrou no carro dele, e me chamou: senta aí!
-O
que é isto?
Ô
pergunta!!!!
-É o
que está escrito aí!
-Onde
foi que você pegou isto?
E
assim, com jeitinho, ele arrancou a minha triste história, e, não antes de me
recomendar apurar meu gosto, me
entregou um envelope lacrado, com o endereço de um médico, seu amigo.
-Vá
lá hoje as tantas horas que o Doutor está te esperando!
Cheguei
na hora, fui atendido, entreguei o envelope, e ai o Doutor desabou na risada.
Ele era baixinho, magrinho, e se tremia de rir.
Eu
pensava. Sacanagem do velho! Só pode!
Ele
me examinou, me deu conselhos, receitas e, atendendo aos meus insistentes pedidos,
me deixou ler. Dizia:
Amigo
Dê uma dedada nesse moleque safado, para ver
se ele toma jeito!
É
que, na época, dizia-se que para este tipo de doença, tinha que tomar dedada no
fiofó!!!
O
Doutor me poupou!!! Juro!
Bem,
conformado que tinha um macho em casa, agora meu pai tinha era que baixar o meu
fogo, e, para me desmoralizar escalou minha mãe para me dar as injeções
prescritas pelo amigo dele.
Bunda
pra cima, e minha mãe dizendo:
-Ô
meu filho, tome juízo, pelo amor de Deus!!!
Rubem Passos Segundo
Salvador, outubro/2015
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