GENROS, AH! OS GENROS

Tema delicado, que só me arrisco por ter sido provocado por um deles.

 

Verdade verdadeira, tenho quatro exemplares dessa espécie na minha família, e deles não tenho maiores queixas. Aliás, se as tivesse, claro que nada escreveria a respeito, por que amo minhas filhas, e delas não quero mágoas, só amor.

 

Os considero filhos.

 

Me considero um pai com sorte, nesse aspecto. Todos eles são bons amigos, maridos e pais zelosos.

 

A minha vantagem decorre do fato de que não fui eu quem escolhi nenhum deles. Então, se fosse o caso, estaria livre para “malhar”!

 

Para mim, a regra é clara: enquanto minhas filhas amarem seus maridos, eu também os amarei. Desejo que seja per omnia saecula seculorum. Simples assim!

 

Falo sempre – em tom de brincadeira, claro -  que, quanto mais longe eles morem, maior a minha preferência.

 

Assim, por consequência, os meu preferidos vivem no hemistério norte ocidental, do planeta Terra. No Canadá!

 

Sem ordem cronólogica, vou tentar escrever o que for recordando e que tenha sido  um tanto quanto inusitado, e vou começar, logicamente, pelo primeiro que chegou!

 

Eu morava no Rio de Janeiro, quando minha filha Aninha, a mais velha, que morava em Salvador, me ligou (ou escreveu) dizendo que ela e o namorado – um tal de ARI – gostariam de passar uns dias comigo no Rio. Pronto: acabou a infância dessa criança, pensei, e este “ameaça” que se cuidasse, pois eu não daria mole para ele, pensei, e planejei.

 

Com o coração na mão e uma confusão mental das grandes, concordei.

 

Quando chegaram, informei que eles dormiriam no quarto ao lado do meu, ela na parte de cima da bi-cama, e ele na debaixo. E DORMIR COM A PORTA ABERTA! Decretei tentando evitar o inevitável.

 

A primeira vez que o cidadão foi ao banheiro (o do casal), conseguiu quebrar (sim, QUEBRAR) o vaso sanitário. Peça antiga, não mais fabricada, de um apartamento alugado. Ou seja, já me arranjou um problema na entrada! Desejei que que ele tivesse quebrado a bunda também! 😡

 

Dia seguinte, quando saí de casa para trabalhar, senti cheiro de bolo na cozinha. Eu sempre gostei de bolo. Imaginei que no final da tarde, na volta do trabalho, comeria uma boa fatia. Pois sim! Fiquei só na saudade! O jovem casal comera todo o bolo. Eu precisava urgentemente de vingança!

 

Pedi a Lita, nossa empregada, que fizesse um outro bolo, enquanto eles estivessem na rua, e guardasse para mim.  Por sorte, cheguei antes deles, comi um belo pedaço, e escondi o restante do bolo, devidamente protegido, no fundo da gaveta que ficava sob a cama que Aninha dormia.

 

Foi ótimo 😁. Eles sentiram cheiro de bolo a noite inteira e só viriam a saboreá-lo no dia seguinte.

 

Pois é. Assim foi o meu primeiro contato com “esse tipo de gente”, o tal de GENRO!

 

Do segundo, por ter mais idade, e por consequência ser menos desastrado quando o conheci, não me ocorrem lembranças de grandes traumas, salvo aquele do dia em que nos convidou para jantar na casa deles, informando que ele mesmo prepararia as iguarias .

 

Pensem num negócio ruim: aroma, sabor e aspecto do prato que LUIZ nos ofereceu. Até hoje ele tem uma justificativa. Qual é mesmo? não lembro, não sei e não quero saber. Meu neto João, com oito anos, já cozinha melhor que ele.

 

Ao invés de casar, os dois, ele e Bianca, resolveram morar juntos, e aí vai uma surpreendente revelação (brincadeirinha): gostavam muito de frequentar o Yacht Clube da Bahia, direito que Bianca tinha, por ser solteira (no papel), e dependente de mim, pai e sócio do clube.

 

Até o dia em que recebi comunicação dizendo que eu passara a categoria de sócio-veterano-remido, e não precisava mais pagar mensalidade. E que poderia passar a titularidade para uma filha. Ela, sim, teria que pagar mensalidades.

 

Ouvida Aninha, que por morar longe do clube, abriu mão da condição de primogênita, Gabi e Issa, por morarem em outro país, eu deveria oferecer o meu título de sócio-proprietário, a Bianca.

 

E assim, sugeri a ela que, ou trocasse de parceiro, por um que quisesse casar com ela no papel, e assim passar a ter direito a frequentar o Yacht, como cônjuge, ou se resolvesse com Luiz. Claro que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mas, o casamento civil foi realizado, e ambos, mais os filhos Hugo e João, hoje possuem as desejadas carteirinhas.

 

Do terceiro, recebi a notícia-crime por celular ou por e-mail. Gabi informando que iriam morar juntos (todas moraram juntos antes de casar). Ainda falta uma, que só mora...

 

Um dia escreverei o capítulo FILHAS.

 

Bem, avisados que ela viria com o dito cujo, passar uns dias em Salvador, e DORIS (Doris?) fazia questão de ele mesmo cozinhar um dia para nós! Ave Maria, pensei. Por que a vítima tem que ser sempre eu?

 

Primeiro, precisamos rebatizá-lo, comentei com Vera. Doris me lembra Doris Day, famosa atriz do cinema americano das décadas de 50/60. Mulher!

 

Então, e a partir dali, ele foi re-batizado como DORI. A propósito, hoje atende também pelo nome de DORIVAL. Cabra macho, sim senhor! E o seu português, justiça seja feita, melhorou muito!

 

Em retribuição ao grude (Gabi vai me pedir para tirar essa palavra daqui, alegando que Dori acha que nós amamos o prato que ele fez), reservei uma mesa do melhor restaurante de Salvador, o Amado, e convidei a família para se juntar a nós, para festejarmos a visita de Gabi (e o tal..).

 

Lá pelas tantas, levantei da mesa e me dirigi ao banheiro. Súbito percebo que o meu novo genro canadense, que não falava “lhufas” de português, caminhava ao meu lado.

Na volta, ele me parou e disparou: SEU FILHA BOA MUIÉ. Fiquei sem saber se dava um murro nele, fingia que não ouvi ou perdoava o seu canaguês! É ou não é dura, essa vida de pai?

 

Do recém chegado e bem-vindo DERRICK, até agora, não registrei nenhuma “pisada-de-bola”, só gentilezas, mas, estarei sempre atento. Espero ansiosamente, um dia conversarmos em português. Infelizmente, o inglês não é compatível com o meu HD pessoal, e os 7.2 que carrego inviabilizam um upgrade.

 

Vocês viram que só falei dos defeitos. Falar das qualidades não diverte nem nos faz sorrir. Mas, justiça seja feita, todos são, como dizemos na Bahia: GENTE BOA!

 

Rezo sempre, pedindo ao Pai do Céu que os proteja, as minhas amadas filhinhas e aos meu netos queridos.

 

😘

 

 

Salvador, 23/07/2020

 

 

Rubem Passos Segundo

rubem@rpassos.com.br

rubem@rp2solucoes.com.br

 

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