TEMANA - A DESPEDIDA
A década, com certeza foi 80. O ano, não lembro.
Me
candidatei, fui selecionado, e passei a representar a TEMANA, uma empresa do
Grupo SHELL.
Na verdade,
era uma empresa comercial, onde sua a grande força, era a competência em
marketing e vendas.
Criava o
produto, contratava uma indústria para produzi-lo, e fazia sua comercialização,
encimada por uma excelente estratégia de marketing e vendas.
Seus
principais produtos eram: Lustra Móveis Shell, Bom Ar, Passe Bem, Rodasol, e
outras marcas que não recordo.
O Diretor de
Vendas era o - até hoje - meu amigo, JCR, um fantástico profissional, cuja
intensidade em busca de resultado, foi descrita uma vez pelo seu antigo chefe
(da mesma empresa), assim:
-Ter JCR
como subordinado, “é estar sentado na tampa de uma panela de pressão bem
quente”. Medo de uma hora a tampa arrebentar e você voar!
Às vezes, no
mesmo dia, eu recebia dele um elogio, por ter atingido o objetivo de
determinado produto que ele estava analisando naquele momento, e, logo depois,
em outro telefonema, uma reprimenda por estar “devagar” com as vendas de outro
produto.
Durante o
tempo em que fui seu representante, fizemos excelentes negócios, lançamos vários
produtos de maneira diferenciada, ele foi promovido à Gerente Geral, com a
saída daquele seu chefe, e a Temana, passou a ser um excelente negócio para
minha empresa.
Até o dia em
que, já no final da tarde, recebi uma ligação do JCR:
- Guga,
acabamos de perder o emprego!
- O que
houve?
- A Temana
vendeu para a Atlantis todas as suas marcas, e assim, a partir do dia 01 do
próximo mês, as mesmas passarão a ser comercializadas pela própria equipe de
vendas da Atlantis.
Estávamos no
dia 25 ou 26 do mês, se não me engano.
Perguntei:
- Posso
continuar vendendo?
Ele me
respondeu:
- Tudo que
você vender eu vou faturar até o dia 30. E suas comissões, serão pagas
integralmente pela Temana, até o dia 10 do mês seguinte.
Me desejou
boa sorte, e desligou o telefone.
Naquela
época o meio de comunicação mais rápido era o TELEX.
Pedi a um
auxiliar que trouxesse as fichas de compras de todos os clientes que atendíamos
nos estados da Bahia e Sergipe, e a partir daí, fui transmitindo por TELEX para
a empresa, até meia-noite, pedidos para todos eles, em quantidades – mais ou
menos - adequadas ao tamanho de cada um.
O detalhe, é
que os clientes nem imaginavam o que eu estava aprontando. Isto para mim era um
detalhe, que resolveria mais tarde...
Passei o dia
seguinte no telefone, conversando com os principais clientes, contando o
ocorrido, e dizendo o que havia feito, argumentando, me desculpando, etc., mas,
no final, todos confirmaram os pedidos que fiz.
Infelizmente,
não consegui falar a tempo com todos naquele dia, uma vez que, principalmente
no interior do estado, tínhamos dezenas de clientes. Mas continuei ligando.
No final,
apenas um cliente devolveu o pedido quando chegou à sua loja. Por acaso era de
um cliente e amigo, do interior do estado, que havia tirado férias com a
família, e deixado seu gerente, incumbido de só receber produtos cujos pedido
estivessem por ele assinado, o que obviamente não era o caso. Quando ele voltou
de férias e eu contei o caso, até me pediu desculpas. Gostaria de ter ficado
com a mercadoria.
Enfim,
naqueles cinco dias, ganhei o equivalente, talvez, a uns três ou quatro meses
de trabalho.
Lamentei o
fim do contato, mas gostei da despedida. 😊
Cerca de um
ou dois meses depois, encontrei o gerente regional da Atlantis, aquele que
assumiu o meu lugar....
Ele, de cara
feia, me falou:
- Rapaz,
você me ferrou!!! Vou passar uns seis meses sem vender uma caixa! Todos os
clientes estão abarrotados dos nossos produtos!!!😡
Pois é, o
pobre do rapaz, me fez lembrar a frase: “o que dá pra rir, dá pra chorar” 😌
Salvador, 29/07/2020
Rubem Passos Segundo
www.amanhavaiseroutrodia.blog.br
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