PROJETO GABRIEL
Considero importante situar as minhas histórias no tempo em que elas ocorreram, para que as pessoas entendam que, em alguns casos, não existiam muitas das novas tecnologias que hoje são comuns, como celular e internet, sem falar em Google, Wize, etc.
O meu relato a seguir é de um
fato ocorrido em outubro de 1990. Está fazendo, portanto, 30 anos!
Meu escritório do Rio de Janeiro
ficava na Rua Visconde Silva, bairro de Botafogo, numa boa casa antiga, com uma
grande vitrine na parede da frente, deixada por uma loja que ali funcionara,
anos antes.
Estava trabalhando, em um dia
normal, quando ouvi barulho de carros, e logo minha secretária avisava que a
Sra. Angélica Parker havia chegado para a reunião. Ela havia me ligado na
véspera, marcando esta visita, o que
tinha me deixado curioso.
(costumo omitir nomes das
pessoas que fizeram parte deste ou daquele capítulo da minha história, porém,
excepcionalmente, por sentir que este texto irá
requerer tais nomes para facilitar a leitura, os utilizarei, porém fictícios).
Angélica chegou em um carro com
motorista, seguido por outro carro, com motorista e dois seguranças armados.
Estávamos vivendo um tempo
difícil, com sequestros acontecendo a toda hora, e ela, mulher do presidente de
uma grande multinacional, era considerada perfeitamente uma
“sequestrável”. Por isso, a segurança
reforçada.
Após os tradicionais beijinhos,
como os amigos trocam quando se encontram, ela começou:
- Amigo, vim pedir sua atenção,
confidenciar um segredo, e ouvir sua opinião.
Ela casara com Harold Parker, meu
amigo desde que chegou ao Brasil para trabalhar como diretor da mesma empresa
que hoje presidia. Estava próxima de completar quarenta anos, tinha uma filha
do primeiro casamento, e tanto insistiu que conseguiu convencer o meu amigo a
terem um filho juntos. Ele também já era pai de um menino, fruto de casamento
anterior.
Foi dificil convencê -lo, ainda
mais conseguir que ele fizesse uma cirurgia de reversão da vasectomia, realizada
quando decidira não ter mais filhos.
Mas, impôs uma condição.
Argumentou que já estava caminhando para os cinquenta anos, estava de bem com a
vida, muito bem remunerado, recém casado e apaixonado, e tinha muito receio de
perder esta tranquilidade, caso viesse a ter um filho com problemas de saúde.
Assim, exigiu dela o compromisso que, passado a décima semana de gravidez, ela
faria o exame do líquido aminiótico, que diria se o feto era ou não perfeito.
E, caso não fosse, viajariam para seu país de origem, para sustar a
gestação.
Foi muito duro, disse ela,
mas, conhecendo-o, sabia que ele estava
falando sério mesmo. Teriam o filho por ser o seu maior desejo, porém, uma
exceção para ele, somente se fosse para aumentar a felicidade do casal, não
para comprometê-la.
Ocorre que, o Harold, por força
do seu trabalho, viajava constantemente para o exterior, e confiou quando ela disse ter feito o exame,
e que a criança nasceria sem problemas, conforme lhe afiançara o seu médico de
confiança. Médico esse, amigo que a acompanhava desde os vinte e poucos anos de
idade.
Era mentira. Ela deixara passar o
tempo recomendável para a interrupção da gravidez, não teve coragem de fazê-lo, e não fizera o
exame.
Lá pelo sétimo mês (isto tudo
ela me contando e eu, atentamente ouvindo), um belo dia, na varanda da
cobertura, em frente ao mar onde morava, olhando para o horizonte, prometeu: Senhor,
se o meu filho nascer sadio, prometo que vou me dedicar a conseguir meios para
ajudar a diversos orfanatos existentes aqui no Rio. Poucos dias antes, ela
ouvira, de uma amiga, um relato de dificuldades enfrentadas em um destes, e
ficou muito impressionada e emocionada.
Por este motivo, logo que seu
filho Gabriel nasceu, bonito e saudável, ela decidiu cumprir sua promessa,
visitou várias creches e orfanatos, e decidiu por inicialmente ajudar
finaceiramente algumas delas.
Então estava me visitando para
que eu ouvisse a argumentação que ela usaria nos dias seguintes, quando já
tinha visitas agendadas a dois grandes empresários, amigos do seu marido,
quando iria lhes pedir ajuda financeira para os seus projetos.
Levantou-se da cadeira, e, como
se tivesse declamando um texto ensaiado, dirigido a mim, o ator que faria o
papel de empresário.
Ouvi atentamente todo o discurso
e falei:
- Minha amiga, você será atendida
sem demora, por estes e outros empresários amigos do seu marido, da primeira
vez com grande simpatia, talvez com uma ligeira resistência, mas,
provavelmente, conseguirá alguma colaboração, e até mesmo indicações para
outros amigos empresários.
Prossegui dizendo que, na segunda
visita, ela demoraria um pouco para ser atendida, e, a partir da terceira,
provavelmente o seu amigo empresário não teria agenda para recebê-la nos
próximos dias, ou estaria eternamente em viagem.
Então sugeri que ela abortasse (ops!) estas visitas, e escrevesse um
projeto, para que estes orfanatos e creches se tornassem auto-sustentáveis, e
aí sim, conseguir deles, uma única e substancial ajuda para viabilizá-lo.
Ela se encantou com a ideia, mas
disse que não saberia criar e escrever um projeto como o que eu estava
sugerindo. Então, marcamos um novo encontro para a semana seguinte, pois
estávamos numa sexta-feira, e assim, juntos, iríamos trabalhar neste assunto.
Ocorre que, para variar, quando
minha cabeça foca em um assunto, e com o Papai do Céu, como sempre, ao meu
lado, não consigo deixar nada para depois.
Assim, passei o fim de semana
escrevendo o PROJETO GABRIEL, cujas cópias do original estão anexadas ao final
deste texto.
Segunda-feira, cedo, ela voltou
ao meu escritório, quando mostrei as minhas sugestões para o projeto(*).
Ele vibrou! Me abraçou, beijou, ficou realmente feliz, e disse que não iria
mexer nele, e trabalharia para por em prática todas as minhas sugestões.
Nos despedimos, com a promessa de
que me manteria atualizado dos seus próximos passos.
A surpresa foi, no dia seguinte,
receber um ligação do Harold, que começou reclamando:
- Baiano, voce botou um monte de
minhocas na cabeça da minha mulher! Me arrumou um trabalhão, sabia?
Conversamos um pouco, sem, obviamente
falar do “segredo da Angélica”, e ele acabou reconhecendo que, ao menos, e de
forma cristã, ela se ocuparia ajudando as pobres crianças órfãs.
Esse assunto acabou funcionado
como um “click” para disparar um projeto antigo que a empresa que ele presidia tinha,
nunca executado: a criação de uma fundação voltada para ajudar comunidades
carentes.
Outro dos temas, motivou uma reunião
com Chico Buarque, que assim relatei em outro dos meus “escritos”:
Entre
elas, sugeri que fosse feita a remontagem da Ópera do Malandro, de Chico
Buarque, que tinha sido um sucesso quando foi encenada.
O
prestígio do marido fez com que em poucos dias, a agência de propaganda de um
amigo do casal providenciasse uma reunião e prá lá me dirigi, convocado.
À
mesa estavam Chico, seu empresário, Vinicius, Liége Monteiro, eu, minha amiga e o dono da agência.
Então,
o Chico abre a reunião dizendo: esta é a primeira vez que sou convidado por uma
empresa interessada em me patrocinar! Me contem por que!
E
eu, com a maior cara de pau disse: Quando a Ópera foi encenada, eu morava na
Bahia, e não assisti. Agora, inseri esta ideia no projeto da minha amiga, para ver
se conseguia!!! Todos riram.
Finda
a reunião, tirei da minha pasta um LP da Ópera, e pedi ao Chico que a
autografasse.
Ele
escreveu: Ao Rubem, com o desejo de que ele finalmente possa assistir a Ópera
do Malandro. Abraço. Chico Buarque.
Finalmente, no final do ano,
quando vários dos itens sugeridos estavam sendo implantados, e com substanciais
contribuições dos amigos do Harold, recebi a visita do casal em minha casa, com
um presente: Uma gravura do ANJO GABRIEL, que o casal havia encomendado a um
conhecido artista do Rio, com o número 03/50. Fiquei sabendo que a 01 seria
para a casa deles, e a 02, para a sala de trabalho do Harold.
Como se diz na Bahia: “fizemos
do limão, uma limonada”.
(*) Cópia do original do
PROJETO GABRIEL segue, anexa.
Salvador, 29/07/2020
Rubem Passos Segundo
www.amanhavaiseroutrodia.blog.br
In essence, when you realize that a truly satisfying orgasm is ready you probably to|are inclined to} get slightly more enthusiastic about having intercourse and/or masturbating. Healthy experimentation, enhanced pleasure potential, enough follow and the subsequently improved orgasms all work together to spice up the eagerness in your romantic relationship . Apparently not, as a result of|as a outcome of} too many women are nonetheless relying solely on their innately flawed and considerably egocentric human companion to fulfill all their intimacy sex toy store wants.
ResponderExcluir