PAPEL CELOFANE VOTOCEL

1968 - De Acondicionadora a Distribuidora


Paralelo ao negócio de representações, meu pai resolveu criar uma indústria de produtos que complementasse a nossa linha, até então, composta exclusivamente de embalagens.

Os usuários de sacos plásticos (padarias, indústrias de produtos alimentícios etc.), compravam em São Paulo, pequenos fechos de alumínio, bastante utilizados no fechamento dos sacos. Após uma rápida pesquisa, ele resolveu adquirir prensas, moldes, e, usando alumínio como matéria prima, fundou a ACONDICIONADORA INDUSTRIAL, LTDA.

Posteriormente, faria também tampas de alumínio para garrafas de leite, embalagem de vidro tradicional que vendíamos, produzidas pela nossa representada CISPER.

Enquanto isso vendíamos, dentre outros produtos, PAPEL CELOFANE, de fabricação da S/A Indústrias Votorantim – Setor Votocel.

Meus clientes eram as floriculturas, armarinhos, varejistas e atacadistas de miudezas, artigos para festas e presentes. Os de meu pai, as fábricas de charutos, grandes consumidores.

Disponíveis em várias cores, o cliente tinha que comprar uma quantidade mínima de 10 resmas de 500 folhas, o que reduzia em muito o universo de clientes que poderíamos ter.

Falei para o meu pai:

- Por que não compramos quantidades maiores e vendemos quantidades menores para os nossos clientes?

Meu pai era super rigoroso com ele mesmo, comigo e com nossos negócios, no que dizia respeito ao que era certo ou errado, honesto ou desonesto. Não fazia nenhuma concessão.

E me respondeu (várias vezes, por sinal):

- Isto seria desleal para com os nossos clientes, que teriam que pagar mais caro ao nos comprar, podendo comprar direto na fábrica, por menores preços.

Não adiantava eu ponderar que meu objetivo era aumentar o número de clientes, principalmente aqueles que não podiam comprar a quantidade mínima ou mesmo os que a compravam, mas ficavam muito tempo para voltar a comprar.

Lá um dia, ele me mandou a São Paulo resolver algum assunto, e eu manifestei o desejo de visitar a Votorantim para conhecer a empresa e o pessoal com quem nos relacionávamos por carta, telegramas ou esporadicamente em ligações interurbanas por telefone (caras e difíceis)!

Em São Paulo, fui recebido pelo Sr. Mayer Levi, então Gerente Comercial da Votorantim – Setor Votocel,

Muito simpático, levou-me a conhecer em detalhes o antigo prédio da Praça Ramos de Azevedo, próximo ao Teatro Municipal, onde ficava a matriz daquele que era o maior grupo industrial do Brasil.

Finalmente, quando voltamos a sua sala, contei do meu desejo de comprar e vender os papeis para nossos clientes, e o que meu pai pensava disto.

Imediatamente ele pediu à telefonista para fazer uma ligação para Salvador, que ele queria falar com o Sr. Rubem Passos, meu pai.

E foi direto ao assunto:

- Sr. Passos, estou aqui com o seu filho, e não só aprovo a ideia dele, como vou conceder a vocês um desconto que usamos para os distribuidores de São Paulo! Insisto: esta é a única forma de aumentarmos o volume de venda dos nossos produtos aí na Bahia. (Fim de papo!!!)

Saí de lá com uma sugestão para o primeiro pedido, que só pude confirmar após meu pai ter feito uma alteração no contrato social da ACONDICIONADORA, permitindo exercer a atividade comercial também.

E foi assim que entramos no ramo de distribuição e multiplicamos muitas vezes o volume de vendas da linha VOTOCEL!!!

A mim meu pai não elogiou, mas, minha mãe me confidenciou que ele ficara feliz com a minha iniciativa e o resultado!!!

Ainda bem!!!!


Salvador, 04/11/2024


Rubem Passos Segundo
rubem@rpassos.com.br

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