PAPEL HIGIÊNICO PM
O início das marcas próprias no Nordeste
O ano era 1976, março, se não me engano; check-in feito no Hotel Nacional do Rio de Janeiro onde seria realizada a Convenção anual de Supermercados da ABRAS, me dirigi à área dos expositores, onde os maiores fabricantes de produtos de consumo disputavam quem tinha o melhor ou maior stand, atendimento VIP aos supermercadistas, dezenas de promotoras e demonstradoras cada uma mais bonita que a outra, gerentes e diretores à disposição dos clientes para apresentar-lhes seus últimos lançamentos, comes & bebes da melhor qualidade, etc.
Nós da R. PASSOS, éramos representantes de algumas dessas empresas, e assim, eu tinha que me desdobrar para ficar bem com todas.
Uma dela, a COMPANHIA FABRICADORA DE PAPEL, pertencente ao Grupo Klabin, tinha montado um belo stand, encimado com uma embalagem gigante de dois rolos do papel higiênico EXTRA-FINO (feito em madeira compensada), muito bem-posicionado, chamava a atenção dos participantes.
Consegui levar o diretor comercial do Paes Mendonça, sr. Pedro Oliveira, ao stand, e perguntei o que ele achava de ter um papel higiênico com a marca PM de excelente qualidade, folha dupla.
No ato ele me respondeu que se ele gostasse da embalagem compraria 20.000 fardos!
Para mim, otimista incorrigível, aquilo significava: vendi!
Um pouco mais tarde, procurei o gerente de vendas da FABRICADORA, minha representada, e perguntei se ele faria um papel higiênico marca PM de 2 rolos.
Ele me respondeu que sim, mas, teria que ser no mínimo 30.000 fardos, pois o fabricante do filme plástico para embalar os rolos exigia uma quantidade mínima equivalente a esta quantidade. E o preço, seria X.
Novamente, o meu alter ego me confirmou: moleza!!!
Imediatamente fui para o meu quarto, e, como sempre andava com meus talões de pedidos, carbono e caneta, emiti o pedido de 30.000 fardos de papel higiênico folha dupla, marca PM, embalagem 30x2!
Mas, em observações, escrevi:
“este pedido só será valido se o cliente aprovar o lay-out da embalagem do produto.”
E fui em busca do Sr. Pedro Oliveira. Uma luta para encontrá-lo, e mais ainda, para dispor de alguns minutos de conversa “de pé de orelha” com ele.
Quando enfim consegui sua atenção, falei:
“Chefe! Negócio fechado. Aqui está o pedido para o senhor assinar! consegui convencer a empresa a produzi o papel que o senhor pediu, mas, a quantidade terá que ser um pouco maior, por isso, isso e isso”.
Ele deu um passo para trás, e disse:
“Epa! Eu não pedi nada! Eu disse que se eu gostasse da embalagem pediria!”
E eu:
“Isso mesmo. Olhe aqui em observações: este pedido só será válido se o cliente aprovar o lay-out da embalagem do produto!”. Fiz logo para aproveitar o preço e garantir o fornecimento, antes que a fábrica desista. Afinal seria o primeiro produto marca própria que ela faria para uma rede de supermercados!”
Ele olhou bem para mim, pegou a caneta que gentilmente lhe cedi, e rubricou as 3 vias!!!
Corri para o stand, e entreguei o pedido ao Dr. Moyzes Fraiman, então Gerente Comercial da empresa, que ficou super surpreso, feliz e me encheu de elogios!!!
Claro que o lay-out da embalagem ficou lindo, e o pedido foi entregue às vésperas da inauguração da loja 25 do Paes Mendonça.
Uma parede enorme me foi cedida para fazermos a exposição do produto que vendeu muito bem, e passou a ser o líder do segmento.
Modéstia a parte, foi um verdadeiro GOL DE PLACA!!!
Salvador, 31/10/2024
Rubem Passos Segundo
rubem@rpassos.com.br
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